Quando me escondo não uso óculos de sol, uso-me. Protetora, detesto injustiças e não reajo a pressões, mas não me escondo em óculos de sol, mas sim com uma nuvem protetora em que deixo de existir, de lembrar, de sentir de tão evidente. Não sou efusiva, não sou alegre, não sou otimista, mas não sou uns óculos de sol, não reflito o que me fazem, reajo passivamente no silêncio escuro do impenetrável. Detesto pessoas que não enfrentam, que se escondem, que se entorpecem do que pensam esconder-se em gestos denunciantes de bolor, de fraquezas latentes, de deformações inconscientes, de defeitos não polidos. Mas não escondo o olhar que pode ser a capa que eu quizer com uns óculos de sol, porque esses... ora, esses ofuscam o sol, a claridade de pensamento, a dureza da realidade amarga da análise esmiuçada.