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A mostrar mensagens de julho, 2008

Consolo na Praia, Drummond (por Maitê Proença)- A infância perdida (parte 3)

No último ano, Victor decidiu parar de trabalhar em empresas de vão-de-escada, demasiado preocupadas a olhar para os seus lucros. Ousou sonhar: "Decidi que queria fazer um curso profissional de pintura de automóveis. É a minha grande paixão. E um dia quem sabe, gostava de ter a minha oficina". Agora tenta vencer numa turma do PIEF (Programa Integrado de Educação e Formação), na Trofa. Apesa de tudo, Victor não se arrepende do seu percurso profissional sinuoso. Até porque o trabalho foi um meio de fugir às más companhias da escola em Ribeirão. "Desisti no 7º ano, quando descobri que só tinha colegas que gostavam da má vida e enveredavam pelas drogas". Qualquer semelhança com os actuais companheiros de curso é pura coincidência. "Até a relação com os monitores é diferente. Aqui não há barreiras entre adultos e estudantes. Vamos todos juntos ao café ou à cantina". Hoje não ganha um salário de 400 euros, mas a bolsa de 75 euros permite-lhe dizer: "Já não

A infância perdida (continuação do post anterior)

Por onde passava, o Victor era sempre o elo mais fraco da cadeia. Como era o mais novo e com menos experiência, era quem recebia menos e trabalhava mais. "A minha mãe bem me dizia para eu negociar o salário antes de começar um novo emprego. Mas eu limitava-me a esperar o fim do mês para receber algum dinheiro" . Chegou a ser despedido depois de se magoar em trabalho, o que o obrigou a ficar em casa, de baixa, durante uma semana. "Não me queriam parado. Puseram-me na rua". Ironicamente, foi durante o primeiro emprego que recebeu o salário mais chorudo: cerca de 400 euros numa empresa de bombas hidráulicas, em Ribeirão, perto de Guimarães. "Depois foi sempre a descer" , recorda o rapaz de 17 anos que sustentava a casa, a meias com a mãe, uma empregada de limpeza. Nem sempre os 500 euros mensais que ela auferia eram suficientes para sustentar os 4 filhos. "Eu entregava-lhe todo o dinheiro que ganhava" , revela. "Mesmo que fossem só 100 euros&q

Dogma Crew - Hijos del odio

Victor voltou a ter gozo em folhear os livros da escola. Na sua turma de nove alunos, é ele quem demonstra mais jeito para as artes manuais, uma das poucas heranças positivas deixadas pelos três anos em que esteve a trabalhar no duro. Aos 14 anos foi canalizador, trolha, padeiro e pintor numa oficina de automóveis. Conheceu patrões irascíveis, ganhou salários terceiro-mundistas e viu um amigo da sua idade a ficar por puco sem um braço, depois de um acidente de trabalho com uma máquina de 15 toneladas numa serralharia. "Pela primeira vez, percebi que não era obrigado a fazer tudo depressa só para agradar ao patrão".

A Pesca das Enguias

Aquele Inverno ameaçava ser rigoroso. A safra da pesca, no mar, terminara. Os poucos pescadores que não tinham abalado para terras estranhas, à procura do pão, esperavam que as águas do rio aumentassem com as chuvas, para tentarem a pesca da enguia. Fortes trovoadas traziam as primeiras águas barrentas, e, depois da isca preparada com fios de minhocas enroladas junto da chumbada, presas por um fio à ponta da cana, despreendidas das amarras os pequenos barcos, todos se preparavam para a colheita, que prometia ser farta. O Puxa e o Traga, latindo de satisfação, saltaram para as embracações dos donos. Os barcos deslizaram pela ria acima até que, escolhido o sítio conveniente, os fixaram com varas, e os pescadores, tirando as canas, começaram a faina. Mal a isca entrava na água, logo era puxada pelo peixe. A cana erguia-se a cada instante, atirando com as grossas enguias para o fundo do barco. Não havia memória de tanta abundância. Horas depois, no pequeno batel, avolumavam-se as enguias,

O sexo e a cidade - o filme

Fui estrear as salas de cinema de Castelo Branco, e digo estrear porque nunca lá tinha ido, mas muito cú já lá passou antes de mim. Bem, fui ver "O Sexo e a Cidade". Gostei muito do filme,era o que se esperava e superou as minhas expectativas. O namorado lá fez o frete, mas é certo e sabido que não gostou, já da série viu-a a sono solto. Sozinha! A aventura da ida ao cinema com a compra dos bilhetes, e a agradável surpresa que para a próxima só pago meio-bilhete se levar alguém comigo. (Há lá outro filme que promete!). Jantar de fast-food cravado ao respectivo e depois de umas voltitas onde descobri que não se faz roupa para baixinhas e muito menos sem mamas, lá fomos à sessão, pontualmente. Começou com 15 minutos de atraso, apagaram-se as luzes com cerca de oito pessoas na sala. As apresentações e a publicidade e a sala começa a encher, o filme começa a dar e eu logo no início da fila começo a pensar que afinal vim a uma aula de aeróbica, porque já o filme ia nos seus 15 min
Dormias, os braços me estendeste e de surpresa rodeaste-me de insónia. Afastavas assim a noite desvelada em cima com a lua presa? Teu sonhar me envolvia, sonhando-me sem ti.